Monday, November 17, 2008

Mudar a escola





Fui ver o filme que mereceu a Palma de Ouro... " A turma" ou "Entre les murs" de Laurent Cantet.


Saí derrotada. Considero que o filme é um retrato fiel do panorama escolar, neste país.

Fui procurar blogues que tivessem comentado o filme e encontrei um post de um professor, Paulo Guinote, que tem uma opinão muito parecida à minha.


"Fui hoje a uma sessão de pré-visionamento de filme que foi Palma de Ouro em Cannes este ano.
Não acho que seja uma daqueles filmes que nos marcam para a vida. É interessante, coloca o dedo em algumas feridas, não procura respostas fáceis, mas também não entra em questões muito difíceis.
No fundo, retrata um quotidiano que, em última instância faz pouco sentido. Como se cada professor estivesse a tentar encher o oceano com uma colher. E os alunos sem perceber bem o que por ali andam a fazer, mais numa busca de identidade do que de conhecimentos.
Há sentimentos de identificação, mas também de estranheza. Em certa medida, penso que François Bégadeau precisava de passar por algumas turmas nacionais e certamente teria ficado mais amargo. Por outro lado detectam-se diferenças importantes entre o sistema português e francês, desde logo no procedimento disciplinar que parece dar direito a expulsão de escola ao que por cá muitas vezes passa com um par de dias de suspensão.
Por outro lado, e apesar de tudo, sinto-me bem melhor por estas bandas em matéria de companheirismo. Mesmo desanimados, congelados e desrespeitados repetidamente pela tutela, o ambiente por cá é bem mais caloroso entre colegas e há muito mais entre-ajuda do que o que se nota neste filme." (Paulo Guinote)


Fico estarrecida com a cena final do filme. Uma aluna fantasma declara que não aprendeu nada nesse ano, em disciplína nenhuma. Nada. É disto que se trata. Um professor que traz na sua bagagem uma mala de boas práticas pedagógicas, que se preocupa em tentar "encher o oceano à colher", como diria Guinote, e que se esquece da restante turma. Os tais fantasmas que passam eternamente de ano para ano, sem que os professores se apercebam da existência dos mesmos. Sim, todos foram fieis nos seus auto-retratos. Mas na realidade, o que é que aprenderam? Que competências desenvolveram para além do aprofundar do seu auto-conhecimento?

Falamos de um professor que acreditava que podia fazer a diferença, que passou a maior parte do tempo a "domar" os alunos "indomáveis".


É um filme que deveria ser obrigatório passar por todas as Escolas Superiores de Educação e ser exaustivamente debatido com os alunos da formação inicial.


Vejam, vale a pena.

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