Friday, November 7, 2008

Mudar de vizinhos

Dormi mal esta noite.
Mais uma vez, os meus vizinhos do lado fizeram o favor de discutir até às tantas.
Pensei...
Bato na parede até que eles se apercebam?
Não... provavelmente repetiriam o toque pensando que se trataria de um jogo de ritmos como é costume as crianças fazerem...
Levanto-me e vou bater à porta de casa?
Não... não merecem ser ofuscados pela beleza do meu pijama aos quadradinhos.
Escrevo uma carta e deixo lá ficar no dia seguinte, no correio?
Hummm... não parece... Para isso, teria que me levantar, procurar um papel decente e uma caneta que escreva e, como todos sabemos, é nessas alturas que nunca encontramos papel nem caneta nem nada. Um esforço que apenas vale para perdermos o sono de vez.
Então... comecei a magicar uma carta. Fiz só o exercício mental de pensar no que é que poderia dizer aos meus vizinhos.
A coisa sairia mais ou menos assim:
" Caros senhores
É com muito entusiasmo que tenho seguido, regularmente, a vossa saga familiar. Aliás, de acordo com episódio de ontem, acho mesmo que devem tratar desse problema do carro roubado e avisar a tal D.Fátima.
A trama tem se vindo a complexificar ao longo do tempo. Não só a discussão é iniciada mais tarde, como dura mais tempo e a colocação de voz por parte dos actores tem sido cada vez mais ambiciosa. Devo confessar que fui obrigada a deixar de lado a minha "Teresa Baptista, cansada da guerra" na cabeceira, para não falar da dificuldade em que tenho para adormecer semouvir/pensar nos vossos problemas e tentar adivinhar as cenas do próximo episódio.
O problema, meus senhores, é que eu sou professora e tenho que dar aulas na manhã seguinte. Chego mesmo a dizer disparates, em frente aos alunos, por estar tão cansada.
Quero deixar duas sugestões... a primeira era no sentido de alterar o horário do programa, para horário nobre. Assim, poderia jantar descansadamente, assistir a mais uma sessão e em seguida, ir tomar um café (que é meu hábito).
A segunda sugestão parece-me, também, bastante viável. Os senhores deslocalizam a conversa para outra divisão da casa e assim poderão continuar a saga no mesmo horário e, ao mesmo tempo, permitirem que eu volte à minha leitura de cabeceira, às minhas tão poucas e preciosas horas de sono e, por fim a não me meter em conversa alheia.
Desejo-vos um bom dia de trabalho
Inês Duarte"
Era bom, não era? Como gostaria de poder mandar esta carta! Mas não mando... não vale a pena.
A coisa vai ser resolvida naquele minuto chato de elevador em que somos obrigados a dizer qualquer coisa.
"Boa noite! Como está? Olhe... ainda bem que o apanho por aqui! Peço desculpa, mas já agora, eu queria fazer um pedido... eu deito-me por volta da meia noite porque levanto-me cedo e, ultimamente não tenho conseguido dormir porque ouço falar alto, constantemente, junto do meu quarto. Mais uma vez, peço desculpa, mas agradecia, se fosse possível que as conversas fossem tidas num espaço distante ao do meu quarto. Obrigada".
Somos tão polidinhos!

2 comments:

Bruno Ramalho said...

és tão mentirosa, toda a gente sabe que te deitas lá pelas 7h30 (ou 8h e tal) :PP

mas sim, é verdade que tens um pijama aos quadradinhos! ;D ahaha

Ines Duarte said...

Deito-me a essa hora dependendo da companhia :P

Antes quadradinhos do que ursinhos