Thursday, April 16, 2009

Aos preguiçosos


Eu gosto tanto, tanto,tanto de estar quieta,

muito parada,de fazer nada,

coisa nenhuma,

e de fazer isso, que é não fazer

e de não estar, não ir, também.

Eu cá faço nada e todos me dizem

que faço isso muito bem.

Faço arroz de nada, pudim de nada

(que não é nada, está-se mesmo a ver)

e é tudo muito bom, delicioso,

só por não ser preciso fazer.

Eu faço nada, sou um nadador,

mas não daqueles que nadam mesmo,

O que é cansativo, tão maçador;

é que nadar, cá para mim,

tem um defeito insuportável:

aquele erre que está no fim .

E não digam que não faço nada

porque eu faço isso o mais que posso

e se não faço mais é porque mesmo nada

fazê-lo muito é uma maçada.

Não quero ir. Ainda é cedo. Que pressa é essa?

Não pode ser!

Deixem-me estar porque eu hoje tenho

bastante nada para fazer.


Fala a preguiça - Álvaro Magalhães

5 comments:

Inês Dias de Carvalho said...

aaah... até fiquei mais descansada... gostei!

Ines Duarte said...

Vou trazer o Álvaro Magalhães, na 2ª feira, aqui ao colégio. Tenho andado a ler estas coisas engraçadas aos miúdos

Bruno Ramalho said...

e lá me deu a preguiça outra vez! ;) Muito bom, muchas gracias guapa :D

Inês Carvalho said...

ai como me identifico!! :))

Ines Duarte said...

o Álvaro Magalhães é brutal! Há alguns poemas que são recorrentes na minha vida... o fala a preguiça, embora seja para miúdos, é um deles. Até agpra, não li menlhor descrição da coisa.