Saturday, May 2, 2009

Onde está o Rodrigo - Parte 5

As criancas...

Na Tailandia ha imensas criancas. Nao ha nenhuma feia, pelo que da vontade de adoptar todas...
Hoje o dia levou me a prestar particular atencao a todos estes meninos e meninas de cara alegre e olhos escuros...
As criancas daqui desde muito cedo tornam se autonomas. E' ve las a passar na rua, a andar de mota com a familia, a ajudarem no restaurante a recolher a louca suja...
Fazem no nao por obrigacao ou castigo. Estao nutridas de um especial designio que as leva naturalmente a participar nas responsabilidades do agregado familiar.
Mas as criancas aqui brincam umas com as outras, jogam, riem se e divertem se...
Bem diferente dos meninos do Cambodja, bem mais pobres e sem comida para viver. Estes sao obrigados a trabalhar, a andar na estrada a vender agua, pulseiras, postais aos estrangeiros para, depois, irem entregar a receita aos pais que estao do outro lado a vender bebidas e comida.
Voltando 'a tailandia e ao dia de hoje, fiquei, mais uma vez, estupefacto com a autonomia destas criancas.
Estava no supermercado para comprar uma agua antes de partir para uma viagem de 12 horas que me levara de volta a Bangkok, quando reparo que, 'a minha frente na fila de pagamento, esta uma menina que, seguramente, nao tem mais de 5 anos...
Enganem se aqueles que julgam que estava acompanhada por alguem mais velho... Sacou do dinheiro, pagou aquilo que levou e saiu porta fora como se nada fosse...
No autocarro que me leva a Bangkok, sento me bem perto de um rapazito dos seus 8 anos e sua mae.
Sou levado pelo espirito de 'meter conversa'. Uma conversa obviamente muda, por imagens criadas com as maos e o simples olhar.
Faco dois tipos de aviao de papel com um pequeno bloco de post its.
'E impossivel descrever a felicidade que despertou. Uma imagem que vale tudo. Mas posso dizer que encheu me o coracao, a alegria palpitou dentro de mim.
Mais tarde, fiz avioes para outros meninos que seguiam mais 'a frente. Os tres comecaram a brincar. E todos me agradeceram o presente com as maos unidas como se tivessem em oracao.
Adormeci. Quando volto a acordar, vejo o meu 'novo amigo' com a pestana bem aberta e a olhar para mim.
Resolvo, entao, mostrar lhe as minhas fotos e videos da camara. Sao fotos do mar, de grutas e montanhas que do mar emergem, de morcegos que vivem na escuridao, fotos de barcos e barquinhos...
Reparo na inquietude do miudo quando, por momentos, fecho os olhos. Ele esta 'a espera de mim e nao o posso desapontar. Afinal nao 'e todos os dias que se esta com um estrangeiro caucasiano de pele clara e que, para ele, representa um enorme choque de cultura e um misto de admiracao e curiosidade.
Decido ensinar lhe a fazer os avioes. Primeiro ele imita os meus passos. Depois dou lhe uma folha para ele fazer sozinho.
Aprendeu rapido e conseguiu seguir toda a logica sozinho.
Para o segundo modelo (mais dificil) adoptei a mesma tactica. Passou com distincao.
Dentro de algumas horas nunca mais me cruzo com esta crianca. Mas uma coisa ele e eu levamos - a recordacao deste momento para a vida.

p.s.- ensinei os avioes aos outros dois. A mesma destreza.

Sai do autocarro. O meu amigo tinha me deixado um barquinho...