Ponto de situação da casa

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"Esta semana haverá, finalmente, saneamento (que é como quem diz água, portanto, que ter água e ela não ter para onde correr é o mesmo que não a ter, se pensarem bem) depois de meses de espera.

as casas de banho estão mais ou menos prontas (falta um lavatório antigo, pequenino, para o sótão, se alguém tiver um de casa da avó nalgum canto e em desuso).

já há electricidade (faltam casquilhos 'temporários', pré-candeeiros, para praí dez sítios que ainda estão às escuras) e os aquecedores já lá estão, nas paredes, um milímetro e meio sobre o reboco, invisíves, radiantes (ainda têm de ser pintados com um primário especial antes da segunda demão geral às paredes todas, tal como o pavimento da cave todo e os móveis em betão na cozinha, atrás).

o painel da água já está no telhado e os reservatórios presos à parede com estrutura metálica para não pesar sobre as vigas de madeira do sótão - à conta disso falta uma porta e um apainelado no sótão, que requerem intervenção especializada.

falta tirar o entulho e limpar, falta pintar tudo, falta lixar uma data de madeira (os chãos, as vigas na cave) e tratá-la: velatura cinza-claro que deixe ver o veio mas retire o 'amarelo' da madeira de pinho e nivele madeiras novas e velhas em 'aguadas' diferentes, mais óleo mineral para acabar e proteger a madeira (e desisto do verniz).

falta pôr vidros na janela da sala e na porta para o quintal, lixar e tratar as janelas com óleo de motor queimado, e vedá-las com 'sebo dos pipos'.

falta lixar e pintar com zarcão (com pigmento de óxido de ferro misturado, miss red's red bed) a cama de ferro antiguinha que encontrei na feira de velharias, falta mandar fazer um estrado e comprar o colchão.

falta limpar tudo outra vez, no fim. faltam os móveis. faltam as coisas e os livros e electrodomésticos e o tapete vermelho que estou a fazer em crochet de trapilho e que ainda não acabei, às bolas enormes, soltas, para ocupar toda a sala, mais as colunas de som e o computador.

faltam uma data de coisas.
...mas, às tantas, deixo já este namoro resguardado e respeitoso
de quem nem tira o casaco e só fica um bocadinho,
em que a tenho, sem a ter.
às tantas,
é da forma que começo a vivê-la antes,
que a tomo já,
que trago o fervedor de água
(que deram há dois anos pelo natal os progenitores optimistas no voo do passarinho),
que faço chá,
que trago um rádio para ter companhia
enquanto vou fazendo
e vou vendo
e vou vivendo.
às tantas, é altura..."

Esperamos.