Eu gosto tanto, tanto,tanto de estar quieta,
muito parada,de fazer nada,
coisa nenhuma,
e de fazer isso, que é não fazer
e de não estar, não ir, também.
Eu cá faço nada e todos me dizem
que faço isso muito bem.
Faço arroz de nada, pudim de nada
(que não é nada, está-se mesmo a ver)
e é tudo muito bom, delicioso,
só por não ser preciso fazer.
Eu faço nada, sou um nadador,
mas não daqueles que nadam mesmo,
O que é cansativo, tão maçador;
é que nadar, cá para mim,
tem um defeito insuportável:
aquele erre que está no fim .
E não digam que não faço nada
porque eu faço isso o mais que posso
e se não faço mais é porque mesmo nada
fazê-lo muito é uma maçada.
Não quero ir. Ainda é cedo. Que pressa é essa?
Não pode ser!
Deixem-me estar porque eu hoje tenho
bastante nada para fazer.
Fala a preguiça - Álvaro Magalhães
5 comments:
aaah... até fiquei mais descansada... gostei!
Vou trazer o Álvaro Magalhães, na 2ª feira, aqui ao colégio. Tenho andado a ler estas coisas engraçadas aos miúdos
e lá me deu a preguiça outra vez! ;) Muito bom, muchas gracias guapa :D
ai como me identifico!! :))
o Álvaro Magalhães é brutal! Há alguns poemas que são recorrentes na minha vida... o fala a preguiça, embora seja para miúdos, é um deles. Até agpra, não li menlhor descrição da coisa.
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